sábado, 6 de novembro de 2010

viva!

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado.

Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e, portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.

Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noção de passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...

ROTINA

A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.

Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos ou animais de estimação (eles destroem a rotina)

Sempre faça festas de aniversário e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja Diferente!

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.... em outras palavras...

V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

ESCREVA em TAmaNhos diFeRenTese em CorES difErEntEs!

Elcio Sartori

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

gauguin + van gogh


A HISTÓRIA DE DOIS AMIGOS

Van Gogh conheceu Gauguin poucos meses antes, em Paris, e ficará fascinado com a personalidade arrebatadora desse artista aventureiro que acabava de voltar do Panamá e da Martinica com uns quadros cheios de luz e de vida primitiva, como a que ele reclamava para contra balançar "a decadência do Ocidente". Então pedira a seu irmão Theo que o ajudasse a convencer Gauguin que fosse à Provença morar com ele. Ali, nessa casa amarela, fundariam uma comunidade de artistas, da qual seriam os pioneiros. Gauguin a dirigiria e novos pintores chegariam para integrar essa confraria ou comuna fraternal, onde tudo seria partilhado, se viveria pela e para a beleza e não existiriam a propriedade privada nem o dinheiro.

Os dois meses que Van Gogh e Gauguin passaram em Arles, entre outubro e dezembro de 1888, são os mais misteriosos de suas biografias. Véspera de Natal de 1888, uma discussão no Café Estação, enquanto bebiam absinto, termina de modo abrupto: o holandês lança sua taça contra o amigo, que mal se desvia dela. No dia seguinte lhe comunica a intenção de mudar-se para um hotel pois, lhe diz, caso o episódio se repetisse, ele poderia reagir com igual violência e apertar-lhe o pescoço. Ao anoitecer, quando está atravessando o Parque Victor Hugo, Gauguin sente passos às suas costas. Volta-se e vê Van Gogh com uma navalha na mão, que, ao se sentir descoberto, foge. Guaguin vai passar a noite num hotelzinho próximo. Às 7 da manhã volta à Casa Amarela, em Arles e a descobre rodeada de vizinhos e policiais. Na véspera, depois do incidente no parque, Van Gogh havia cortado parte da orelha esquerda, levando-a, embrulhada num jornal a Rachel, prostituta com quem Van Gogh saia, no bordel de madame Virginie. Depois havia voltado ao seu quarto e ido dormir em meio a um mar de sangue. Gauguin e os policias o transferem para o Hotel Dieu e Gauguin parte para Paris na mesma noite.

Embora nunca voltassem a ver-se, nos meses seguintes, enquanto Van Gogh permanecia um ano inteiro no sanatório de Saint Rémy, os amigos de Arles trocaram algumas cartas, nas quais o episódio da mutilação da orelha e suas experiências em Arles primam pela ausência. 'Quando do suicídio de Van Gogh, um ano e meio depois, com uma bala de revólver no estômago, em Auvers-sur-Oise, Gauguin fará um comentário brevíssimo e ríspido, como se tratasse de alguém muito alheio a ele ("Foi uma sorte para ele, o fim de seus sofrimentos."). E nos anos seguintes evitará falar do holandês, como que assediado por um incômodo permanente.

No entanto, é óbvio que não o esqueceu, que essa ausência esteve muito presente nos 15 anos de vida que lhe restavam, talvez de um modo que nem sequer foi sempre consciente. Por que se empenhou em semear girassóis diante de sua cabana em Punaauia, no Taiti, quando todo mundo lhe garantira que essa flor exótica nunca havia conseguido aclimatar-se na Polinésia? Mas o "selvagem peruano", como gostava de se chamar, era teimoso e pediu sementes a seu amigo Daniel de Monfreid, e trabalhou a terra com tal perseverança que afinal seus vizinhos indígenas e os missionários daquele lugar perdido, Punaauia, puderam deleitar-se com aquelas estranhas flores amarelas que acompanhavam a trajetória do Sol.

Texto retirado do site: http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm

Autoras: Simone R. Martins e Margaret H. Imbroisi

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

aspire!

Pobre humanidade. Amarrou ao pescoço a corda da razão. Em sua outra ponta pesava a vida, cheia de remorços. Mergulhado no mar das certezas o homem afunda e perece. Em seu último suspiro, sobem seus sonhos em bolhas. Velozes, procuram a superfície em busca de vida, em busca de alguém para aspirar um bem viver.

Alexandre Soma.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

matemática irracional


Hoje sinto algo muito forte que eu chamo de "MATEMÁTICA IRRACIONAL". Nossa busca pela Razão, que vem dos filósofos da antiguidade, da necessidade de se impor uma moral, um controle social, revela-se hoje completamente datada. A "irracionalidade", nome dado pelos racionais como sinônimo de "animalidade", pra mim é sensibilidade. O achatamento que nossa sociedade moderna faz desse fato é uma tolice. Sensível é inteligente, aberto, forte, corajoso, valente, simbólico e simbiótico. Fica claro que a natureza, em suas possibilidades e impossibilidades, cria, a cada momento, novas equações de respostas e sentimentos que, por RAZÃO, cismamos em desconhecer. Esse contínuo desconhecimento popular será, num futuro qualquer, fatal.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

horizonte


O ser humano PRECISA do horizonte, seja ele metafórico ou não. Essa sensação de liberdade, de nunca ter um fim está no horizonte. Sem ele somos escravos da gravidade e serventes da morte...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

minha arte em mim


Procurei minha arte em todos os lugares possíveis.
Olhei para o céu, procurei outras vidas e outras existências.
Olhei para a pobreza e a nobreza, a tristeza profunda e a alegria desnuda.
Olhei para o que não se olha porque está lá mas não se vê.
Eu vi, enfim, minha arte em mim.
Olhei para o reflexo na poça da esquina, num dia de chuva,
percebi que o que nos alimenta nos torna... lixo.
O que hoje sou eu, amanhã, também o será...

Alexandre Soma

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"uma taitiana segurando uma fatia de melancia"


"Vik Muniz reproduz a Mona Lisa com pasta de amendoim e a Última Ceia com calda de chocolate. Em vez de ganhar um programa no Discovery Kids, ele tem suas obras compradas pelo MoMA.

Mister Maker tem um programa no Discovery Kids. Ele ensina a pintar coelhos e paisagens marinhas usando materiais insólitos como balas de goma, embalagens de ovos e tampinhas de garrafa. Vik Muniz é o Mister Maker do MoMA. Ele reproduz a Mona Lisa com pasta de amendoim e a Última Ceia com calda de chocolate. Em vez de ganhar um programa no Discovery Kids, ele tem suas obras compradas pelo Museu de Arte Moderna de Nova York.

Aleijadinho? Portinari? Hélio Oiticica? Lygia Clark? Ninguém é páreo para Vik Muniz. Ele é o artista brasileiro mais festejado de todos os tempos. Ele está para a arte brasileira assim como Leonardo da Vinci está para a arte italiana. O que já diz tudo sobre a arte brasileira. Vik Muniz valorizou as técnicas mais desprezadas da história da arte: a cópia e o trompe-l’oeil. Primeiro, ele copia, fotografando. Em seguida, reconstrói a imagem colando sobre ela elementos de uso cotidiano, como molho de tomate, geleia de amora e soldadinhos de plástico, em forma de mosaico. O resultado se assemelha às telas de Arcimboldo, o pintor maneirista que compunha figuras humanas a partir de legumes, frutas e livros. Além de ser o Mister Maker do MoMa, Vik Muniz é o Arcimboldo cearense. O Arcimboldo pau de arara.

Nos últimos anos, os artistas brasileiros se espalharam por museus e galerias dos Estados Unidos e da Europa. Vik Muniz é o mais popular de todos. Mas há outros na cola dele. Em particular: Cildo Meireles, Beatriz Milhazes e Ernesto Neto. Inicialmente, eles eram patrocinados pelo Banco Santos, do fraudador Edemar Cid Ferreira. Assim como as mulheres dos deputados, os artistas brasileiros iam a Veneza, Berlim ou Nova York com todas as despesas pagas pelos contribuintes. Agora isso mudou. Eles ganharam o mercado mundial. Em 1891, Paul Gauguin abandonou Paris e foi retratar os selvagens no Taiti. Um século depois, os artistas brasileiros percorreram o caminho inverso: eles representam os selvagens do Taiti indo retratar Paul Gauguin em Paris. Vik Muniz é aquela taitiana com o seio de fora. Ele é aquela taitiana de cócoras. Ele é aquela taitiana segurando uma fatia de melancia.

A meta de Vik Muniz é "romper a hierarquia da arte". É o que ele faz quando pendura uma cópia de Rafael ao lado de uma cópia de Bosch. O mesmo discurso populista e popularesco é estendido ao público de suas obras. Segundo ele, tanto faz se o espectador é um curador de arte ou um bilheteiro. Vik Muniz sempre diz que é um produto do Brasil. E é mesmo. Nós rompemos a hierarquia das ideias, dos valores, dos gostos, dos costumes, das leis. Os outros fizeram a Mona Lisa. Nós a lambuzamos com pasta de amendoim."

Matéria escrita por Diogo Mainardi
Revista Veja . Sábado . Maio 09 . 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ter, tempo, espaço e colapso


Tempo? Espaço? Pra que? Por que? Se eu “penso, logo existo”, então o tempo e o espaço seriam condições de existir. Mas em meio ao colapso eminente da vida humana, existe esse “tempo” ou “espaço”? Pensamos ou existimos?

Vejam o forno microondas, a tv de plasma, o “Faustão”, o “BBB”, a moda, ipod e wii. Deixam de existir porque não pensam? Bom, gostaria de afirmar que não, mas, estão lá! No espaço de nossas salas, quarto e cozinhas, andando conosco pelas ruas, dizendo coisas, propagando nosso tempo, transmitindo verdades de liquidificador.

Surpreso pela idéia de que meu forno e até o “BBB” pensam, pergunto-me: Estaria no tempo de assar um belo pedaço de frango, onde o prato rotaciona a comida pacientemente esperando o agitar das moléculas, a resposta para os anseios de nossos tempos, cada vez mais escasso de espaços para pensar?

Numa época de colapsos da economia, das finanças, das balanças comerciais, das relações humanas presenciais, do amor, do carinho, da esperança no futuro, da natureza e seus recursos, não estaríamos, então, percebendo uma nova realidade de existir, onde nosso tempo e espaço entram em colapso? Onde presente, passado e futuro parecem nada significar? Onde milhares de infinitos corpos podem ocupar o mesmo lugar e tempo no espaço?

Quando substituimos o “pensar”pelo “ter” não damos ao deleite das “coisas” a ordem do nosso existir? Então, se tenho logo existo, o tempo da vida passa a ser o tempo das “coisas”. O que tenho me permitiria o tempo certo e apropriado para meus espaços, sendo assim, quem tem as “coisas” seriam os “Deuses” de nossa vontade? Ou até de nossa felicidade? Parece-me que quanto menos eu tenho, mais tempo e espaço sobram para perceber que nada somos além de um imenso colapso do existir. Apenas uma agitação frenética de moléculas girando num enorme microondas e esperando o tempo do término.

Agora que me permito mergulhar em pensamentos de teclas percebo que sinto um pesar pelo tempo em que espaços da vida eram tomados pelos sorrisos, lágrimas e abraços e não por uma tecla de dividir palavras. Tempo de pensamentos divididos e vividos e quando as “coisas” apenas ocupavam espaços e agilizavam o tempo para nosso sentimentos. Tempo esse, onde o ter era o simples prazer de ser.

Alexandre Soma (Arte e Texto)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

cândido portinari


A arte muralista do mestre antropofágico brasileiro

Caboclos, mamelucos, indígenas, negros e saltimbancos! Nossos "abaporus"!

Enquanto Oswald de Andrade convocava a digerir e fazer renascer a arte pós-impressionista européia com a face do pau-brasil em seu manifesto antropofágico da semana de arte de 1922, Cândido Portinari ainda estudava desenho e pintura na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, sem imaginar que se tornaria o maior dos antropofágicos daquela geração.

Nascido numa fazenda de café em Brodowski, São Paulo, em 1903 e trabalhando, ainda menino, como ajudante de restauração de igrejas ao lado de pintores italianos, Portinari viveu o dia-a-dia da terra e do mestiço: "Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café. Quantas vezes adormecíamos sobre as sacas. (...) Belas eram as seriemas, as saracuras e os tatus".

Do primeiro mural de quase 8 metros pintado em 1936, até a inauguração dos painéis “Guerra e Paz” na sede da ONU em 1957, Portinari dedicou sua incrível arte e sensibilidade aos aspectos culturais, sociais e até políticos - vide a obra “Tiradentes” acima - dessa “miscigenação mundial brasileira” que se consolidou na primeira metade do século XX.

Ironicamente, morre em 1962, no Rio de Janeiro, de intoxicação pelas próprias tintas que coloriram e registraram a nossa antropofagia. Quando proibido de pintar reclamou: “Estou proibido de viver”.

Hoje, quando atravesso nossas metrópoles e vejo nossa arte urbana representando os “macunaímas do dia-a-dia”, como a dos irmãos “Os Gêmeos”, vejo o orgulho dos símbolos brasileiros nas cores da nossa “tropicália” e do nosso mestre, pincelado pelos murais do mundo.

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Antropofagia

Projeto Portinari
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