segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

cândido portinari


A arte muralista do mestre antropofágico brasileiro

Caboclos, mamelucos, indígenas, negros e saltimbancos! Nossos "abaporus"!

Enquanto Oswald de Andrade convocava a digerir e fazer renascer a arte pós-impressionista européia com a face do pau-brasil em seu manifesto antropofágico da semana de arte de 1922, Cândido Portinari ainda estudava desenho e pintura na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, sem imaginar que se tornaria o maior dos antropofágicos daquela geração.

Nascido numa fazenda de café em Brodowski, São Paulo, em 1903 e trabalhando, ainda menino, como ajudante de restauração de igrejas ao lado de pintores italianos, Portinari viveu o dia-a-dia da terra e do mestiço: "Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café. Quantas vezes adormecíamos sobre as sacas. (...) Belas eram as seriemas, as saracuras e os tatus".

Do primeiro mural de quase 8 metros pintado em 1936, até a inauguração dos painéis “Guerra e Paz” na sede da ONU em 1957, Portinari dedicou sua incrível arte e sensibilidade aos aspectos culturais, sociais e até políticos - vide a obra “Tiradentes” acima - dessa “miscigenação mundial brasileira” que se consolidou na primeira metade do século XX.

Ironicamente, morre em 1962, no Rio de Janeiro, de intoxicação pelas próprias tintas que coloriram e registraram a nossa antropofagia. Quando proibido de pintar reclamou: “Estou proibido de viver”.

Hoje, quando atravesso nossas metrópoles e vejo nossa arte urbana representando os “macunaímas do dia-a-dia”, como a dos irmãos “Os Gêmeos”, vejo o orgulho dos símbolos brasileiros nas cores da nossa “tropicália” e do nosso mestre, pincelado pelos murais do mundo.

Conheça +
Antropofagia

Projeto Portinari
Portinari

Um comentário:

  1. Portinari e Antropofagia são como água e óleo. Seria interessante o autor estudar um pouco de História da Arte Brasileira para entender que o Movimento Antropofágico e a obra cubista de Cândido Portinari não tem nenhuma relação. A Semana de 22 e seu consequente Modernismo brasileiro não tem necessariamente relação com a Antropofagia, termo designado por Oswald de Andrade ao comentar os quandos de Tarsila do Amaral. Nem todo modernista é Antropofágico.

    ResponderExcluir